Orientações para o abandono do cigarro
O tabagismo é uma doença causada pela dependência física à nicotina, é fator de risco para aproximadamente 50 doenças diferentes.
Publicado em 04/02/2019 08:22

O tabagismo é uma doença causada pela dependência física à nicotina, é fator de risco para aproximadamente 50 doenças diferentes. O tabagismo ativo ou passivo agride as células endoteliais prejudicando seu funcionamento normal. A nicotina substância encontrada nos derivados de tabaco age no aumento da contração dos vasos sanguíneos, acelerando a frequência cardíaca, aumento da pressão arterial, que podem levar a isquemia e ao IAM.
Já o monóxido de carbono produzido através da queima do cigarro, causa diminuição da oferta de oxigênio ao coração, levando também à isquemia, privando alguns órgãos do oxigênio, causando deficiência na oxigenação dos tecidos, podendo assim ocasionar doenças como a aterosclerose. Assim a junção da nicotina com o monóxido de carbono pode provocar diversas doenças cardiovasculares.
Qualquer tipo de exposição ao tabaco contribui para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares. Entre as doenças causadas pelo tabagismo estão a trombose, aterosclerose, doença arterial coronariana, IAM e o acidente vascular encefálico.

Fique ligad@! Você sabe a verdade por trás desses produtos derivados do tabaco? Então, conheça os seus malefícios para à saúde:
Narguilé
Trata-se de um produto no qual é utilizado um tipo especial de tabaco que é umedecido e aquecido, a fumaça gerada passa por um filtro de água antes de ser aspirada pelo fumante, por meio de uma longa mangueira. No Brasil, o produto é muito utilizado pelo público jovem, que têm a falsa ideia de que não causam mal à saúde.

Segundo a OMS (2005) uma sessão de narguilé que dura em média de 20 a 80 minutos, é correspondente a 100 cigarros fumados, causando dependência. Mas, quais são os efeitos nocivos: Confira:
- Compartilha o mesmo bocal, propiciando a propagação de doenças transmissíveis, como resfriados, infecções respiratórias, tuberculose, hepatite e herpes;
- A pessoa que faz uso de narguilé tem muito mais chances de desenvolver câncer de pulmão e doenças respiratórias;
- Em uma hora de fumo com narguilé um fumante pode inalar de 100 a 200 vezes a mais o volume de fumaça de um único cigarro;
- O uso do narguilé assim como os demais produtos derivados do tabaco é proibido em locais públicos, privados ou recintos coletivos, fechados ou parcialmente fechados, segundo a Lei 12.546/11 – regulamentada pelo Decreto 8.262/2014. Em caso de descumprimento acione o Disque Saúde (136).
Cigarro de Palha
Muito utilizado pelos jovens, principalmente universitários, com a falsa ideia de ser um produto artesanal, o cigarro de palha faz mal à saúde assim como os cigarros tradicionais. A palha não permite a passagem de ar, não possui filtro, tornando as tragadas mais intensas e mais concentradas de substancias toxicas. O cigarro de palha, tem cinco a sete vezes mais nicotina e alcatrão que os cigarros de papel. A nicotina é responsável leva à dependência e o alcatrão é principal causador do câncer de pulmão. Não é natural e não causa menos mal à saúde!

Cigarro Eletrônico
Parecido com um pen drive, uma caneta eletrônica e recarregável, os cigarros eletrônicos são um dispositivo que converte em vapor a nicotina líquida. Alimentado por bateria de lítio, possui cartucho ou refil que armazena a nicotina líquida (cuja quantidade ainda não é regulamentada) mais aditivos e aromatizantes. Além de possuir substâncias nocivas à saúde, apresenta risco de explosão e vazamento dos cartuchos.

O cigarro eletrônico vem sendo largamente vendido como uma forma de deixar a dependência para trás, enganando muitas pessoas. Possui substâncias nocivas no vapor, sendo citotóxicas, carcinogênicas, irritantes, causadoras de enfisema pulmonar e de dermatite. Além disso os cartuchos podem conter de 0 a 36mg de nicotina por mililitro, sendo no cigarro normal permitido apenas 1mg de nicotina por mililitro (INCA,2016), substância responsável pela dependência. O cigarro eletrônico não auxilia a ajudar parar de fumar. O comércio e a venda no Brasil são proibidos desde 2009 pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), 17,5 milhões de pessoas morrem todos os anos vítimas de doenças cardiovasculares, dentre elas estão os ataques cardíacos e os derrames. Em meio aos fatores de risco comportamentais causadores das doenças cardiovasculares, o tabagismo é listado como um dos mais importantes conforme a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS).
Segundo um estudo realizado na Argentina sobre “Carga de doença atribuível ao uso do tabaco no Brasil e potencial impacto do aumento de preços por meio de impostos”, em 2015 o tabagismo foi responsável por 156.216 mortes, representando 12,6% do total das mortes que ocorrem por ano no Brasil. Sendo 16% das mortes relacionadas com doenças cardiovasculares e 13% por ACV podem ser atribuíveis ao tabagismo. Ainda em relação a esse estudo foi observado que a cada ano no Brasil, o tabagismo é responsável pela ocorrência de 1.103.421 doenças. Deste total, 470.666 (43%) correspondem ao IAM e a outros eventos cardiovasculares, 378.594 (34%) a novos casos de DPOC, 59.509 (5%) a ACV e 46.650 (4%) a novos diagnósticos de câncer por ano.
Além dos prejuízos que o tabagismo causa à saúde, existem os gastos gerados. No Brasil os custos da assistência médica atribuível ao tabagismo totalizaram R$ 39.394.369.233, sendo cerca de 8,04% de todo gasto em saúde. Entre as doenças que apresentaram os maiores custos diretos estão as doenças cardíacas por sua prevalência elevada. Para a população que fica exposta à fumaça também há prejuízos, os que inalam a fumaça em ambientes fechados tem o risco de 30% maior de desenvolverem doenças cardiovasculares e 25% a 35% mais riscos de terem doenças coronarianas agudas, segundo o INCA.
De acordo com um estudo realizado no Brasil em 2003, com a população de dezesseis capitais do Brasil, o tabagismo foi responsável por 13,64% de todas as mortes nas dezesseis capitais estudadas. A principal causa de mortes de adultos por doenças tabaco-associadas foi a doença isquêmica do coração com um total de 5.300 mortes, nas dezesseis capitais. Do total de mortes atribuíveis ao tabagismo 81,05% ocorreram em seis cidades, sendo em Belo Horizonte (1.394 óbitos). Já em relação as taxas de mortalidade atribuível ao tabagismo para as doenças cardiovasculares (Doença Cardíaca Isquêmica, Outras Doenças Cardíacas, Doenças Cerebrovasculares, Aterosclerose, Aneurisma Aórtico, Outras Doenças Arteriais) Belo Horizonte está entre as cidades que apresentaram maiores taxas, com 72.1%.

Tabagismo Ativo
Caracterizado pelo uso regular de qualquer produto derivado do tabaco pelo indivíduo. A dependência ao tabaco pode ser:
- Dependência física (química) – Causada pelo uso contínuo da nicotina, se dá geralmente no decorrer de um a três meses de uso.
- Dependência psicológica – Necessidade da substância para se alcançar um equilíbrio emocional ou percepção de bem-estar;
- Dependência comportamental - Associação do uso do cigarro a outros comportamentos e situações da pessoa fumante.
Tabagismo Passivo
Consiste na inalação da fumaça de derivados do tabaco por indivíduos não fumantes que convivem com fumantes, especialmente em ambientes fechados. A fumaça do cigarro contém mais de 4.700 substâncias tóxicas, incluindo arsênico, amônia, monóxido de carbono – o mesmo que sai do escapamento dos veículos -, substâncias cancerígenas, além de corantes e agrotóxicos em altas concentrações que poluem o ar, além de contribuir para o tabagismo passivo, prejudicando a saúde das pessoas que não fumam. A fumaça expelida contém, em média, três vezes mais nicotina, três vezes mais monóxido de carbono, e até 50 vezes mais substâncias cancerígenas do que a fumaça inalada pelo fumante após passar pelo filtro do cigarro.
Além da proibição de fumar nos locais totalmente fechados, em todo o país, a legislação também impede o fumo nos locais parcialmente fechados em qualquer um de seus lados por uma parede, divisória, teto ou toldo. E nada de fumódromos! A lei vale também para áreas comuns de condomínios e clubes.
Os Malefícios do uso do tabaco
- Acidente Vascular Cerebral
- Hipertensão Arterial
- Cânceres
- Diabetes
- Cegueira, cataratas
- Problemas na gravidez
- Aneurisma
- Infarto
- Doenças Pulmonar Obstrutiva Crônica
- Maior risco de Pneumonia
- Maior risco de tuberculose, asma e outros problemas respiratórios
- Diabetes
- Envelhecimento precoce da pele
- Impotência

Conscientize-se de que deseja parar de fumar porque o cigarro faz mal à sua saúde e a saúde das pessoas com as quais você convive. Reduza o consumo de cigarros, durante uma semana, observando aqueles que você pode eliminar de imediato, como o cigarro após o café, assistindo televisão, ou antes de dormir.
Marque um dia para parar de fumar definitivamente, mas antes compre água, cravo, canela em pau, cristal de gengibre e cenoura. No dia marcado, jogue fora seu cigarro, cinzeiro e o isqueiro. Cada vez que tiver vontade de fumar, tome um ou dois copos de água gelada, e use o cravo, a canela, o gengibre e a cenoura para mastigar nos momentos difíceis.
Faça exercício de respiração profunda: inspire profundamente, segure, contando até cinco, solte o ar pela boca semiaberta lentamente. Faça isso cinco vezes seguidas. Escove os dentes logo após as refeições para bloquear a vontade de fumar. Enfrente cada dia como se fosse o primeiro e siga em frente!
Síndrome da Abstinência
Algumas pessoas, ao pararem de fumar, sentem os efeitos da Síndrome de Abstinência, que inclui dor de cabeça, tremor, sensação de formigamento nas extremidades, aumento de ansiedade, aumento de apetite, irritabilidade, sensação de tristeza e perda, sensação de estar mais lento e menos concentrado. Veja o que fazer em cada situação:
- Vontade de fumar: Distraia-se, respire fundo e lembre que a vontade passa em 5 minutos.
- Irritabilidade: Faça exercício de respiração e relaxamento, imagine uma paisagem agradável e viaje. Tome um banho quente.
- Insônia: Relaxe lendo um livro, tome um banho morno, beba um copo de leite morno. Evite bebidas com cafeína após meio-dia. Caminhe um pouco antes de se deitar. Use roupas confortáveis para dormir. Escureça o ambiente e mantenha-o ventilado. Não faça atividades estimulantes antes de dormir.
- Aumento de apetite: Prepare um kit de sobrevivência com vegetais picados, frutas e chicletes sem açúcar. Beba água e líquidos (de baixa caloria). Inicie ou intensifique a atividade física.
- Dificuldade para se concentrar: Simplifique sua agenda por alguns dias. Dê uma caminhada curta, saia um pouco. Beba água e líquidos. Descanse.
- Fadiga: Procure ter uma boa noite de sono, dormindo o suficiente a cada noite. Tire um cochilo ao longo do dia. Não exija muito de você por duas ou quatro semanas.
- Constipação, gases, dor de barriga: Beba muito líquido, acrescente fibras a sua dieta como: frutas, vegetais crus, cereais integrais e mude sua dieta aos poucos. Consulte seu médico ou nutricionista.
Pratique atividade física:
A atividade física é a melhor forma, em curto prazo, de desviar o desejo pela nicotina. Quando vier o desejo de fumar, levante-se e comece a se exercitar. Cinco minutos de atividade física de intensidade moderada, como subir e descer alguns lances de escadas, caminhar pelo quarteirão, fazer yoga, entre outras, aliviam o desejo pelo cigarro e os sintomas da abstinência também. Se você puder, faça exercícios durante 45 minutos, pois além de melhorar sua frequência cardíaca, ajudará o seu organismo a reconhecer os benefícios físicos de parar de fumar - como o aumento da função pulmonar - que consequentemente melhorará sua respiração quando você estiver se exercitando.
Benefícios cardiovasculares adquiridos ao se parar de fumar:
- Após 20 minutos sem fumar a pulsação e a pressão sanguínea irá voltar ao normal;
- Após 2 horas sem fumar não há mais nicotina circulando em seu sangue;
- Após 8 horas sem fumar o nível de oxigênio no sangue se normaliza;
- Após 3 semanas sem fumar será notado que sua respiração se torna mais fácil e a circulação melhora;
- Após 1 ano sem fumar o risco de morte por infarto já se reduziu à metade;
- Após 5 a 10 anos sem fumar o risco de sofrer infarto será igual ao das pessoas que nunca fumaram.
Aumenta a capacidade física e a energia corporal.
Tenha hábitos saudáveis de vida, procure mudar sua rotina, faça atividade física, caminhadas em lugares agradáveis, pratique algum esporte que o agrade, vá ao cinema, leia, ouça música, converse com amigos. Assim você irá preencher seu tempo com algo que realmente goste de fazer. Essas estratégias ajudam a parar de fumar.
E se recair?
Se recair não se desespere! Muitos ex-fumantes tentaram parar entre 5 a 7 vezes antes de obterem sucesso. Você deve procurar marcar uma nova data para deixar de fumar e levar o tratamento à sério, prevenindo novas recaídas. Com planejamento, você conseguirá novamente, é questão de tempo!
Caso não consiga parar de fumar sozinho, procure ajuda!
O SUS oferece tratamento para tabagismo em mais de 600 municípios de Minas Gerais, através do Programa Nacional de Controle do Tabagismo, com profissionais de saúde capacitados, materiais de apoio e medicamentos gratuitos. O tratamento das pessoas tabagistas é ofertado prioritariamente nas Unidades Básicas de Saúde (UBS). O usuário que demonstre interesse em parar de fumar deverá entrar em contato com a Secretaria de Saúde da sua cidade para ser informado os locais do SUS que estão ofertando o tratamento do tabagismo.
Dessa forma, o usuário tabagista será recebido pela sua equipe de saúde, será avaliado quanto às principais doenças e fatores de risco relacionados ao tabagismo, bem como o grau de dependência ao cigarro, seu estágio de motivação para a cessação do tabagismo e suas preferências para o tratamento.
O modelo de tratamento é baseado em uma abordagem cognitivo-comportamental, com possibilidade de ser realizado em grupo ou individualmente, e quando necessário há apoio medicamentoso. Consiste inicialmente de 4 sessões (encontros), semanalmente, e após essas, são promovidos encontros mais espaçados, até completar de 6 a 12 meses de tratamento. Para mais informações, disque 136.
por Assessoria de Comunicação